19 junho, 2006


Mascarada


Enquanto espero que venha,
De pé, espio refletida no espelho, a minha face,
Abatida,
Olheiras que saltam,
Como fossem a maquiagem
Que ainda faria.
O risco nas pálpebras me sai um pouco
Em desalinho,
As mãos trêmulas, esbarram
No pó que esconderia as marcas
De minha idade.
Quebrado,
Eu cato ainda, no chão,
O que posso usar para restituir um rosto.
A boca, não pinto, aguardo que venha,
E na esperança de que tenha
Os lábios seus tocando
Avidamente a secura dos meus, mantenho a boca virgem...
A ti deixo, que a torne rosada,
De um tom bem suave, que o beijo roubaria.
Ali, tão maravilhosamente entristecida,
Acompanha-me o copo,
De bordas finas, e rachadas.
No seu fundo, as marcas feitas pelas
Piteiras das cigarrilhas baratas,
Apagadas no seu interior.
Mascarada,
Oculta,
Omissa ainda
Estou!
Mas não por muito tempo,
Apenas, até a hora de sua chegada.




BM

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