Vidas Cruzadas 23/07/07
À memória de Maria do Socorro Gomes
(Excelente Mãe, Ilustre Mulher, Amável Irmã, Dedicada Avó, Amada Tia, Incomparável AMIGA).
Eis-me aqui, sentada neste tronco morto
ao lado desta casa, as lembranças
são tão nítidas, custo a crer
que acabara de ver-te naquela urna,
indo ao fundo de um buraco
onde jamais fora o lugar do corpo teu.
dor insopitável, lanço meu
corpo em uma sepultura,
inaceitável...
Por que não me deste mais tempo?
agora, como entrar nesta casamata e
não ter vestígios teus...
não vê-la no sofá da sala,
nem tampouco na cama onde
sentávamos e consolávamos nossas almas...
não ouço o arrastar de seu pés...
conheci a ti enferma,
me achaste desiludida, assolada por uma
depressão atroz,
deste-me sentido, tu querias viver...
enquanto eu rogava pelo fim de meus dias!
a vida fora injusta contigo em teu curso...
por que me deixaste aqui?
não me deste mais tempo...
hoje, amiga, eu, incompetente sinto
tua falta gélida como mármore
acaricio teu rosto, mas não me respondes,
Mary, foi breve, porém uma de minhas
maiores verdades foi ver Luz em teus Olhos.
BM