13 outubro, 2007



Ausência


Tu, que te agarras às minhas camisolas de seda inexistentes...
Ou de chiffon com adornos bordando uma delicadeza única
Não podes agarraste à elas, são invisíveis, são foto polaroid
Perderam-se no tempo de um século malogrado...
Hoje, só te restam meus pijamas, de calças folgadas, azul celeste...
Mangas compridas, e botões cintilantes como as lágrimas
Que brontam na face tua, escaldando as maças tão límpidas
De um rosto que não nascera para receber a acidez do pranto
Provocado pela ausência do seu amado...
Tu, que hoje não pode acorrentar-me a teus braços firmes
Nem podes tocar uma canção de ninar para que eu adormeça
Sem paz, sem zelo, com descuro...
Tu, que os olhos são refletores d'alma...
Qual, Ismália enlouquecida, hoje quer se atirar ao mar
Pois fora tomada pela ilusão de que existiam duas...
De que eu, Bruna, era par;
Nego, sou ímpar, não há no mar a minha figura reluzente à luz nocturna
Tal como a lua de Alfhonsus..
Portanto, não te atires aos meus lençóis pueris,
Minha lembrança amnésica não está no perfume daquele refil na suíte.

BM