13 janeiro, 2009




Felina



"Afinal, em teu cenário,

Nada sou que atriz!" by Silvia Mendonça

Atriz que se rebela na mais vis

Cortesãs de uma Paris

Não mais luz, pois o que reluz são

Os gestos de meu corpo

No diálogo com o teu, meu bem amado,

Por tempos, quicá, odiado,

Faltam-me versos, usarei um do Garrett: "não te amo, apenas quero-te,

Sim, querido, sou uma persona

Transmutada de dama sem a menor honra

Em tua cama...

Quero apenas tuas carnes, engalfinhar-me

Por tua derme, lanhar até urgir sangue

De teu dorso,

Jamais, em teu trageto torto,

Largarás, uivando, uma felina.


BM.


Hora Exata


Estou preenchida

Até o topo da minha maior

Felicidade...

A vontade mais latente

Assaz perene

De perder a vida!

Nossa, como estou feliz

Em pressentir a dor de

Meus ossos estilhaçados

Naquela calçada ou

Quiçá embaixo d'algum

Veicúlo que esteja passando

Na hora... hei, mas

Tem de ser na

Hora exata...

No extremo em que broto

Aquele sangue vívido

De meus punhos...

No instante em que sinto meus

Pulmões cancerosos me

Roubando o ato - "a respiração"...

A cinza derramou no papel

Não pude alcançar o cinzeiro,

Perdoe leitores, preciso salvar

o poema...


BM.

Este texto é meu eu-poemático que responde ao último comentário do Anônimo mais (des) conhecido que tenho.

Sim, foram-se as musas, caro Anônimo, nenhuma delas mais tenho, as personagens para quem criava versos dissiparam com o sangue que hoje me serve de tinta.

Porto


Aquele Porto que chamavam

Alegre não é mais...

Não passa de um dado geográfico...

O outro Porto que era

Balsâmico, onde eu ancorava

Minhas naus carentes de

Afeto e Luz

Já não é mais para mim;

Não passa de um signo...

Não passa de um nome, um nome...

Pós-nome?

Pré-nome?

Não sei...

Nem alcanço a Luz de Emergência da

Sala de Minha morte...


BM.