19 junho, 2006


Delirium tremens


No início, apenas um bloco,
Parafina.
Dias depois, o som ensurdecedor,
Das letras grafadas naquele envelope
Ainda lacrado, levava-me ao mais sublime pânico.
Era somente um resultado - final, atestado, óbito?
Corroendo a mucosa adoecida,
Córion hemorrágico,
Atrofia dos tecidos, por tempos saudáveis.
Positividade na busca do prazer,
De encontro aos estímulos que traziam a satisfação.
Ao negativo, exponho a dor do
Desvario alcançado por não tê-la.
Demente,
Alucinada,
Encantadoramente delirante.
Naquela mesa de bar,
Sofá de sala,
Ou até mesmo, sentada
Numa encruzilhada qualquer
Consumindo, consumida
O consumado!
Doses maiores mantém
A embriaguez perpetuada,
E eu, perfeitamente tolerante.
Minha dependência é simultânea
Ao grau de resistência.
Até quando olharei sem tocar,
Como suportar a falta do que nunca possui?
Sentir a ausência do que nunca sorvi?
Por que as reações em um corpo,
Por ti nunca tocado.
Eriçar os pêlos quando imagino
A insônia ao lado teu.
Como recuar à abstinência tua?
Se já cheguei à metade do caminho.
E agora, é sombrio e assustador o regresso...

BM



Nenhum comentário: