Casamata
A sala um pouco escura
Mas ainda não era noite,
O sol é que nunca viera,
Assim como tu...
E eu estava parada
Inerte,
Em cólera.
Olhando os copos,
Brilhantes, organizados delicadamente
Naquela cristaleira fechada,
Assim como meu corpo.
O licor ocupando
A altura de dois dedos na garrafa
E o ponto máximo em minha embriaguez.
As piteiras de sete dias já expulsavam
As cinzas de meu velho
Amigo e companheiro: o cinzeiro!
Que na minha mesa de centro,
Era único.
Os arabescos do tapete se confundiam
Com as cinzas.
Eu as soprava
E o vento, meu cabelos,
Já grisalhos.
Na mesa, as seis cadeiras
Tão vazias,
Esperavam os filhos
Que não nasceram.
No aparador,
Uma foto sua para ajudar
A memória que já não tenho.
Mas a porta,
Está aberta,
Assim como meus braços....
BM
2 comentários:
Lindos versos.As cadeiras para os filhos que não vieram. e, apesar de tudo, portas e braços abertos.
Luzia
excelente produção!! impacto-me com os versos ácidos e deseperençados mas ainda cheios de flores.
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