27 junho, 2006


Confissão


Meus temores, aqueles,
São somente meus,
E com ninguém os divido,
Jamais os confesso.
Extirpando,
Abstendo,
Anulando
Está personagem enérgica
Que encenou minha vida
Desde o nascimento.
E hoje, evadida, será que ainda vive??
Maculada n’algum espaço do passado,
Num canto do guarda-roupa mofado,
Unida, agarrada às traças
Que lêem meus livros.
Sobrevivendo às mazelas,
Se nutrindo dos meus vestidos.
Eles ainda estão aqui,
Me acompanham,
Andam ao lado meu,
E ao lado teu, emudeço.
Tua coragem ofusca minha tirania,
Atirando-a tal como criança
Assustada, para baixo da mesa.
Eu chamo por ti,
Mas não são minhas as respostas que me dás.
Assim como não são meus os olhos teus, deficientes.
A alguém pertence?
Questiono meus temores,
Dialogo como eles.
E calada subestimo
A percepção que espero assaltar-te.
Atirando-te nos braços meus,
E sentada em meu sofá,
Confessaria....
BM

Um comentário:

Anônimo disse...

Dramática.Ousada.Despida de pejo.Um doce convite bem costurado.
Luzia