Condenadas
Minhas mãos,
Aquelas que afastavam
Delicadamente os finos fios
Das melenas, dispersos,
Assim como meus olhos
Naquela tez.
As unhas pontiagudas,
Um pouco longas,
Contornavam os traços,
Marcantes, impressionantes,
Daquele que não era um rosto
Comum, não, nunca fora.
Delineava com avidez os lábios,
Disfarçando quem sabe
O desejo incontido de uni-los aos meus.
Os óculos, retirados,
Poderias arranhá-los,
E não necessitavas de visão,
Fomos os quatro sentidos
Sintetizados na quimera
Mais sublime de nossas vidas,
Vazias até então.
Meus cabelos,
À luz das frestas de uma cabana
Abandonada, avermelhavam-se.
E espalhados por entre as sardas
De um colo para mim
Ainda imaculado.
A leveza de meus lábios
Roçando o contorno de cada seio,
Trazia a expressão mais plena de êxtase,
Estávamos felizes!
Fomos amantes, amadas, marcadas
Pelas garras que deslizavam ardorosamente,
Em nossas costas molhadas.
E a dor que não era sentida,
Ao acordar me pungia como um aço estacado
Que condenava ao devaneio,
Apenas.
BM
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