27 junho, 2006


Ave Noturna
Venha, me assalte,
Quando distraída penso em ti.
Assim, sorrateiramente,
Invadindo a calmaria de meu quarto,
Deitando nos meus lençóis brancos,
Deixando seus cabelos repousarem
Nas almofadas, e a face, em meu seio
Que disparado reage quando meus olhos
Fitam o teu sorriso iluminado.
Mantenho meu disfarce,
Não estás ao meu lado,
Devaneio,
Quimera,
Ilusão...
Olho-te novamente de soslaio,
A vontade de aproximar-me
É contida pelo pouco de juízo
Que ainda nutre a minha lucidez.
Vejo ao longe, aquela dama que dança
Por entre os corredores de um ambiente
Indefinido.
Seus passos são determinados,
O ritmo que embala seu corpo é mavioso,
E não a conduz até minha realidade...
Esta que me faz inerte diante
Dos olhos daquela que é a donzela
De minhas noites intermináveis...
Quando reprimida me faço
Diante das horas mortais ao lado teu.
Tão mortais...
Quisera eu, a extensão desses instantes
Tão ínfimos.
Mas eu ainda te olhava,
E sem que notasses
Contemplava a suavidade das sardas
Naquele colo...
Exposto,
Desejado...
A maciez de um rosto
Sem as marcas da idade,
Rosadas as maças,
Os olhos cintilantes, perdidos?
Maravilhosamente bela...
É uma ave noturna...

BM

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