alices e nada mais
eu, tu, nós, alice que fomos,
tendo nossas corações molestados
pela cruel rainha de copas... será?
fomos tão inocentes assim?
seríamos Alices ou estamos mais para espectros
de Hades?
talvez eu, personificada Perséfone em
matrimônio com a morte
esta que a cabeça não me pouparia jamais,
estaríamos vivendo a dualidade de viver e
morrer?
cá estou, observando esta guerra de titãs,
de peito aberto, tórax exposto, esqueleto...
sim, caro leitor, antes que levem-me o suspiro
derradeiro,
faço-me pó, cinzas, tal como as que despejo
nas esquinas das ruas
quando meu cachimbo não as suporta mais...
e meu eu-lírico, demente, suporta o quê?
tapas com luvas de pelica,
o escarro da boca beijada augustiana,
aquela mão que afaga é a que apedreja, já dizia
o mestre...
e a pedra que brota desta mão, lançada, já se
faz rocha,
indo de encontro ao meu corpo, teu corpo,
ainda suados, extasiados pelo amor que
fizemos,
porém, estilhaçados, pelo golpe que uma pedra
é capaz de fazer...
permaneço alice,
quieta, atirada naquele velho e mofado
canto escuro de minha sala.
sou eu, a velha Alice atrás do espelho.
BM
Um comentário:
Lindo texto! Viajei. Revi todas as Alices nele. Abraços!
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