29 outubro, 2009


O baú carmim

Acordo,
Tenho cheiro de tacabo
álcool e o corpo nu,
Da nudez mais vergonhosa
Que já senti.
Para quê roupas – convenções.
Ao pior já fui exposta.
O conteúdo daquele baú vermelho
Dilacera cada artéria minha...
As cartas, assaltadas por vozes
Gestos, por d-encanto adquiriram (os) sentidos,
Tateiam das minhas unhas dos pés, há muito não
Manicuradas, até as pontas duplas de meus cabelos.
Têm a fragrância dos mais variados olores franceses,
Ainda que dotem de vinte anos quase, possuem a junventude,
O brilho, a vida que me foram roubadaos.
Meu copo de uísque está transbordando – com leite,
Obrigada garçom.
O que vos tens a ver com o fato de eu ter esse hábito?
Ponho o que eu quiser em meus copos.
Sim, sei que vais perguntar à insana: “já tomaste teus remédios?”
Já o fiz, e em dose suicida.
Não há remédio para o que de mim é ancestral.
Nem no tempo, que a tantas mazelas ameniza, creio eu mais.
Elas me aterrorizam, espiam pelo buraco da urna envelhecida
Minha dor... não carece que as queime agora, o que te livres de alguma
Forma,
Já estou infectada – só espero pelo dia final.

BM

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