29 outubro, 2009




Madame amante

Por tantas vezes quis
Matar a ti, até o cometi
Em poesias...
Se não me falha a memória a
Assassinei três vezes...
Por que o três nos persegue até hoje?
Nunca conseguimos ser duas!
Tu me colocaste doente.
Aquele travesseiro era dele
Onde eu punha minha cabeça
Todas as noites e me abria aos
Pesadelos...
Ostensiva a tua aliança, sempre
A brilhar...
E a que eu lhe dei trazia as marcas
Da clandestinidade, de um amor sofrido...
Era fosca de propósito... ainda me falaste isso no leito dum hospital.
Não revelarei a ti que o teu cheiro
Intromete-se em minhas narinas.
Que o som de tua voz ainda me canta berceuse.
O gosto de teus beijos ainda mora em mim.
Farei um ensaio...
Um dia me disseste – “preciso ficar só, me deixe”
Noutro falaste: “vem, preciso de colo”...
Saia daqui, não me procures mais,
Proíbo-te de saber notícias minhas...
Sejas feliz ao lado de teu Senhor...
Esqueças meu rosto de pavor
Vá embora... me deixes quieta...
Quero percorrer minha casa,
Descabelando-me, arranhar as paredes
Até consumir o carmim de minhas unhas – misturando-se ao sangue.
Acabar com o uísque e os psicotrópicos...
Rasgar o vestido mais lindo que me deste,
E sair à rua uma Madame que foi
Tão simplesmente a OUTRA.

BM

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