14 janeiro, 2007


Memórias


Naquele tempo,
Eu, menina peralta,
Saltava por entre pedras,
Tão miúdas,
Ideal à altura de minhas pernas,
E ínfimas diante do mar
Que se avistava.
Os calendários sendo trocados
A cada dia primeiro,
Traziam-me as marcas da idade,
Mostrando cruelmente
Que meu cobertor,
Já não mais me cobria os pés.
E naquele mar de sempre,
Apenas o tempo, atual,
A mulher senta,
Espia as ondas,
Atira uma rosa
Em saudação.
E não mais dança a sua meninice
No meio daquelas pedras escorregadias,
Se foi o encanto angelical,
A esperança infantil,
Ou a mazela da idade a limita?
Completamente impedida
De atos tão naturais...
Risco um fósforo...
Entre os dedos,
Hoje, de unhas longas,
Apenas uma cigarrilha,
Na areia o papel,
Nos cabelos a caneta,
E tudo aquilo,
Simplesmente meu cenário.

BM

Um comentário:

Anônimo disse...

Como é bom relembrar a infância, né? Parece que renascemos. Lindo poema, Sra Borgia! Um beijo carinhoso.