Açoites
coração açoitado
cobram-me sorrisos marmóreos
daqueles dentes outrora reluzentes,
como ofertá-los se minha gengiva explode
o sangue de uma necrose?
duma boca não mais visitada...
estaria também o peito, este coração por demais
cardiopata, já arrítmico, em descompasso,
dançando ora acelerado ora cansado
de tantos açoites.
cá estou, escrava sobrevivente em um século perdido,
espiam-me os jagunços enquanto da derme
escorre, espirra, hemorragicamente,
o rubro de veias já cauterizadas.
alí permaneço, ainda sobre o lençóis amarelados,
onde um dia fui amada.
BM.