12 julho, 2010

Corte e Braço

O vento adentra a minha janela

Sem pedir licença

Entra em minha sala

Desalinha meus cabelos

Outrora azeviche

Espalha minhas cinzas pelo

Chão coberto dum carmim vivo...

Enquanto morro-me esvaída

Num sangue contaminado

Pela dor...

O primeiro corte susta a agonia

O segundo corte expia a culpa

O terceiro corte afasta o vazio

O quarto corte preenche o oco

O quinto corte lava a alma

O sexto corte já leva à insuficiência respiratória

O sétimo corte és tu – minha maravilhosa destruição.

BM.

Um comentário:

Margareth Sales disse...

Bem, esse segundo texto demonstra a paixão do autor pela morte. E essa é uma dança extremamente sedutora, a dor é sedutora... Por isso, o sentido sombrio do texto tem um poder, uma atração porque não mesmo até um certo tesão?! Como sempre muito bem escrito e o texto se fecha no êxtase, no supremo êxtase dos que enamoram a morte...