12 julho, 2010

Mesário de Morte 03/06/10



Peço perdão a Hades se hoje

Choro...- e que ele continue no inferno.

Eu, aquela déspota tirana vil

Cuja crueldade é exalada pelos poros

De um corpo imundo, de braços

Rasgados, como o véu da noiva inacabada que fora

Abandonada ao altar, pobre tecido já necrosado, miisiático...

De tão pustulenta a escara cativéira

Somem dos versos os vermes augustianos, por asco.

Que subam aos céus, que desçam ao inferno, que fiquem na terra,

Apenas suplico com a humildade que não me é peculiar

Afastem-se de mim.

Posto que sou a morte mais viva que conheço,

O limbo mais paradisíaco que podes encontrar.

Sou dor pura.

Sou a mãe que perde o único filho e recolhe

Os pedaços do cadáver para montar um defunto

E oferecer ao funeral.

Sou aquela criança assombrada por fantasmas

Inexistentes, que se grudava ao colo da mãe

Para acalmar o pranto.

Sou o humano mais maléfico frio e calculista

Capaz de ver um doente em insuficiência respiratória,

Já cianótico, ainda com vida, sentaria bem próxima

Dele para assistir àquela morte lenta – com prazer.

Sou as orquídeas que um dia deixaste o sol maldito,

Com seus raios poderosos, cometer um crime hediondo.

Que não me cerquem as Erínias, sou ré confessa,

Sou má

Sou a Rainha mordaz

Sou o veneno do anel da Bórgia.

Não me queira ver,

Deteste-me, e sejamos

Infelizes para o todo e sempre.



BM.

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