O vento adentra a minha janela
Sem pedir licença
Entra em minha sala
Desalinha meus cabelos
Outrora azeviche
Espalha minhas cinzas pelo
Chão coberto dum carmim vivo...
Enquanto morro-me esvaída
Num sangue contaminado
Pela dor...
O primeiro corte susta a agonia
O segundo corte expia a culpa
O terceiro corte afasta o vazio
O quarto corte preenche o oco
O quinto corte lava a alma
O sexto corte já leva à insuficiência respiratória
O sétimo corte és tu – minha maravilhosa destruição.
BM.
Um comentário:
Bem, esse segundo texto demonstra a paixão do autor pela morte. E essa é uma dança extremamente sedutora, a dor é sedutora... Por isso, o sentido sombrio do texto tem um poder, uma atração porque não mesmo até um certo tesão?! Como sempre muito bem escrito e o texto se fecha no êxtase, no supremo êxtase dos que enamoram a morte...
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