Renascimento
Tu, que me olhaste num tempo perdido,
Eu, cavalheiro errante, cavalgava por montanhas
Íngremes e sombrias.
Sem noção de regresso,
Sem paixão pela pele,
Sem querer pela vida.
Fui apreendido por ti.
Uma camponesa a me olhar pela janela,
De madeira envelhecida e vidros embaçados,
Mas podias me ver, até que acenei, exaurido,
Numa descida qualquer e me restribuíste
Com um doce sorriso,
Tão tímido.
Naquele instante a flecha do cupido
Atingiu o equívoco,
Transgressor,
Maldito,
Marginal...
Que se deixou contaminar pela tia boca
De lábios salientes, que mais bela
Ficara ao pronunciar: vem!
Pus uma venda em minhas dores,
Tatuei minhas cicatrizes com teu sorriso,
Sequei minhas lágrimas com tua ternura,
E me pego assim, tolo, romântico fora do século,
Mais uma vez pronto para amar!
BM
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