08 fevereiro, 2008



Renascimento


Tu, que me olhaste num tempo perdido,

Eu, cavalheiro errante, cavalgava por montanhas

Íngremes e sombrias.

Sem noção de regresso,

Sem paixão pela pele,

Sem querer pela vida.

Fui apreendido por ti.

Uma camponesa a me olhar pela janela,

De madeira envelhecida e vidros embaçados,

Mas podias me ver, até que acenei, exaurido,

Numa descida qualquer e me restribuíste

Com um doce sorriso,

Tão tímido.

Naquele instante a flecha do cupido

Atingiu o equívoco,

Transgressor,

Maldito,

Marginal...

Que se deixou contaminar pela tia boca

De lábios salientes, que mais bela

Ficara ao pronunciar: vem!

Pus uma venda em minhas dores,

Tatuei minhas cicatrizes com teu sorriso,

Sequei minhas lágrimas com tua ternura,

E me pego assim, tolo, romântico fora do século,

Mais uma vez pronto para amar!


BM

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