27 junho, 2006


Desejos Insanos

A boca que eu quero
Não é a minha, de lábios finos,
Quase intocáveis,
Nem tampouco aquela,
Que me morde os lábios
Em um sofrer desatinado,
Talvez a sua,
Que me instiga,
Desnuda,
Desorienta
A lucidez tão cordial.
As mãos que desejo
Não são as minhas, de unhas roídas
E pele manchada,
Nem aquelas que em um
Dos dedos carrega uma argola em prata.
Quem sabe umas
De finos dedos longos, e
Pálidos.
Na garganta, trago uma pedra,
A voz que oprimo,
As palavras que aprisiono, não são em vão.
E conquanto
Que tivesse
A minha boca
As minhas mãos
O que tão somente
Queria ter, não
Eram apenas os
Fios de cor branca.
BM

2 comentários:

Anônimo disse...

Sempre a pedra na garganta,o travo amargo de vazio e de solidão.Como são dramáticos esses eu-líricos...Mas como escrevem bem!
Luzia

Anônimo disse...

Republique o poema com outra cor.Não consegui ler.