Ardentes
Anseio aproximar meus lábios
Cálidos, tocar com total leveza
Tuas pestanas alvas
Com o reles intuito de sanar
A ardência...
Seria um ato quase que santo,
Mas sou profana, não tocaria
Tão somente os cílios que são teus,
Emaranhar-me-ía nos cachos
Dourados desta heroína que
Saltara das páginas do Alencar.
Em total desconserto sem querer
Jamais o acerto,
Furta-la-ía um beijo longo
Seríamos seres sem tempo
Os minutos pausariam
Os relógios fugiriam de nossas vidas...
Ardentes teus olhos já não
Estariam, mas poderia eu sentir
O ardor de teu corpo
Latente pedinte ardente
Rogando pelo roçar de minha pele
Na tua, nossas vozes – afônicas
Nossos corpos dialogando
Num ritmo frenético...
Já curados os olhos,
Iria como curandeira desbravar
As sendas abrasadoras do infitino
Corpo desta que desejo minha.
BM.
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