Apuros
Acordo numa noite insone
Olho para um lado o vazio,
Transmuto em outro a tua marca
Na cama despovoada, só composta
Pelo corpo meu e dele que ardemos na ausência
De nosso maior vício – tu.
Vasculho, tal como uma cobra
Debatendo-me no leito é inaceitável
Tamanha falta...
Dirijo meu corpo torto até o criado-mudo
Uma foto nossa, estávamos felizes,
Somos felizes, mas esse afastamento
Torna-me cianótica,
Meu mundo multicolor ao lado teu,
Toma tons azuis-arroxeados,
Olho, cambaleio embriagada por
Teu olor em nosso santuário...
Dou voz ao meu choro afônico,
Brado por um instante, apenas um
Rogo exaltada, talvez um pouco alta,
Pelas tuas mãos amáveis tranqüilas
Suaves... meu ventre necessita-te ...
Corra, voe, ele chuta a esfera formada,
Nosso rebento ainda no útero lagrimeja
Tua falta ...
BM.
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