22 novembro, 2008



....perdoa....

Será esta a última vez
Que a pena manchará o que não é
Papiro?
Por que estás me deixando?
Lembras das tantas promessas?
Recordas tu do que me disseste
Para acalmar o pranto?
Quando me punhas no colo...
Afagavas meus cabelos há
Muito em desalinho...
Banhavas meu corpo trépido
Que tuas mãos já não seguravam
Mais com tanta firmeza...
É, cresci, pedaço de mim – pedaço de ti!
Não, ainda sou aquela criança
Que o Papai Noel lhe entregou um pouco
Atrasada...
Desprotegida... sem ter quem amamente,
Sem teus cabelos para adormecer...
Minha Rainha sem trono
Guerreira sem armas armaduras amarras...
Carregue-me só mais uma vez em teu regaço,
Sugue-me pelas entranhas e
Leve tua prole para o lugar
Seguro de onde jamais deveria ter
Saído...
Abrigue-me em teu útero
Para que contigo eu descanse na paz...
Tu e eu eu e tu somente e
Mais ninguém mais nada,
Partamos unidas a um mundo mítico...
Nosso.

BM.


Um comentário:

Anônimo disse...

Pesado,muito pesado.Mas lindo,como sempre.lembrou-me o Curuminha do Chico Buarque.Às avessas.
Uma Canção Desnaturada
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque

Por que creceste, curuminha
Assim depressa, e estabanada
Saíste maquilada
Dentro do meu vestido
Se fosse permitido
Eu revertia o tempo
Pra reviver a tempo
De poder

Te ver as pernas bambas, curuminha
Batendo com a moleira
Te emporcalhando inteira
E eu te negar meu colo
Recuperar as noites, curuminha
Que atravessei em claro
Ignorar teu choro
E cuidar só de mim

Deixar-te arder em febre, curuminha
Cinquenta graus, tossir, bater o queixo
Vestir-te com desleixo
Tratar uma ama-seca
Quebrar tua boneca, curuminha
Raspar os teus cabelos
E ir te exibindo pelos
Botequins

Tornar azeite o leite
Do peito que mirraste
No chão que engatinhaste, salpicar
Mil cacos de vidro
Pelo cordão perdido
Te recolher pra sempre
À escuridão do ventre, curuminha
De onde não deverias
Nunca ter saído