18 novembro, 2008




Aborto


Foi agora, há pouco,
Bem ainda sinto
Latente a vontade
De perder-te...
Melhor, de nunca tê-lo,
Descobri tardiamente que tu és
Um natirmorto ...eu já o tive,
Pari e me doem até hoje
Nos membros as cicatrizes...
Um dia tu me perguntarias, igual,
Assim como os outros se fora acidental,
Se alguma onça havia me lanhado,
- não, filho, as garras são de tua própria mãe – diria isso?
Como ao meu tão desejado filho?
Hoje tu me és maldito
Não tenho o direito de ser tua,
Tu não terás o infortúnio de ser meu.
Aquela barriga não luzirá...
Não darei à luz a nenhum rebento
Tão amado, e em instantes odiado.
Como sentir a agressão de teus pés
Chutando meu ventre, esticado,
Uma perfeita esfera a guardar-te, e
Tu fazendo minha luz distorcida, minha
Rosa em flecha desfigurada geometricamente.
Como poderei eu embalar teu pequeno
Corpo, cantando “bercause”, para que adormeças
Na paz da qual não sou possuidora?
Ah, meu tão sonhado, jamais trocarei tuas
Fraldas sem que remetas à progenitora?
Tu serás minha eterna dor...


BM

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