Proêmio – Diálogo
- Meu pai perguntou por você quando fomos à soverteria. (diz ela)
- (Sorrindo) Ah, ele não poderia esquecer. (respondo)
- E a sua mãe, perguntou? (retruco)
- (Silêncio, olhos marejados) Não, minha mãe não perguntou. (roufenha ela)
- (Mudança de assunto)
- Levanto e vou apanhar algo para beber. (Choro)
Fidedigna Dama
- Meu pai perguntou por você quando fomos à soverteria. (diz ela)
- (Sorrindo) Ah, ele não poderia esquecer. (respondo)
- E a sua mãe, perguntou? (retruco)
- (Silêncio, olhos marejados) Não, minha mãe não perguntou. (roufenha ela)
- (Mudança de assunto)
- Levanto e vou apanhar algo para beber. (Choro)
Fidedigna Dama
À memória de JUAREZITA DE SCHUELER
(Filha Dedicada, Mulher Célebre, Dama Marital, Mãe Perfeita e...AMIGA de mãos e colo receptivos... absurdamente Intelectual).
Cheguei tarde à vida tua...
Nos anos que seriam últimos.
Não! Cheguei cedo, melhor, na hora exata,
Tu estavas tão bela naquele dia
De uma beleza sublime, celestial – digna de uma nobre Rainha.
Recostada à cabeceira de tua cama,
Era a primeira vez que eu sentara aos pés dela.
Ouvia-te, deveras sedenta do que havia a me dizer – ensinar.
Tua alcova era de um requinte à altura
Daquela que parecia uma Dama Medieval,
Em cujas madeixas louras (como eram lindos os teus cabelos – ainda que não penteados)
Pele alva, mostrara a celebridade das antigas figuras que ilustravam a Literatura.
Mas tu não eras personagem,
Foste filha, esposa, mãe e não obstante
Progenitora de frutos bem criados.
Companheira de um homem simplesmente feliz;
E amiga de tantos, que contigo muitas coisas viveram,
Tantas outras aprenderam.
Por horas a fio a escutavam, incansavelmente.
Saiba que me falta uma pena de ganso,
E o tinteiro da Margarida Goutier
Para rabiscar algumas, que verdadeiramente
Deveriam ser todas, jamais tolas
Laudas que compunhariam um livro
Sobre as poucas e preciosas tardes, manhãs, noites
Em que trocávamos palavras;
Hoje, resta-me de ti apenas uma carta,
Esta, que já na época me arrancara lágrimas,
Agarro-me a ela para sentir
Em um plano qualquer a suavidade
Das mãos que escrevera...
A isto, defino – Saudade!
Flor ululante nas areias de uma Icaraí
Que jamais será a mesma;
Foi-se contigo um fragmento de mim...
Descanse na paz da qual és merecedora.
BM
2 comentários:
BM, CONFESSO QUE ME EMOCIONEI NÃO SÓ PELA BELEZA E DELICADEZA DA POESIA MAS POR SUA SENSIBILIDADE DE PUBLICA~LA NO MÊS DAS MÃES. COMO FILHA FICO FELIZ DE SABER QUE OUTRAS PESSOAS QUE A CONHECERAM TAMBÉM A ADMIRARAM. OBRIGADA. CONTINUE ASSIM SEMPRE: ARTISTA SENSÍVEL QUE TRANSFORMA VIDA E REALIDADE EM POESIA. BEIJOS DA AMIGA GISELLE.
Sabia de tua admiração por ela, mas não sabia que tinhas escrito para homenageá-la.
Achei lindo!
Se ela pudesse ler agora, por certo se emocionaria como eu me emocionei.
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