05 outubro, 2006



Pecados Diplomáticos

Culpas a mim,
Tens-me como agressora
Ao teu amor mais sublime.
Juras,
Pelo mais sincero de teu sangue
Escorrido nas trompas,
Óvulos não fecundados,
Ou prematuros abortos...
Que estúpida me faço...
Negas, as lágrimas,
Que em uma manhã
De outono, lavaram o corpo teu
Já lânguido
E ávido de repouso, somente.
Buscas, quem poderá saber o quê?
Se nesta carcaça promíscua,
Há tudo de que necessitas.
Sustentas verdades inócuas
Para aliviares a vaidade
Que te consome desde o berçário.
Rotulas-te pecadora
Por deitares o esqueleto ao lado meu
Em nossas noites insones...
E ofertares a uns ouvidos já surdos
Melodias jamais cantadas.
Por que dizes amar?
Se teus olhos
Não me tocam mais as pestanas.
Tuas lágrimas doces,
Não matam mais a sede,
Nem cessam o sofrimento,
Que causo a teu peito proláptico.
BM

Um comentário:

Anônimo disse...

Pecados diplomáticos...omissão, falta de diálogo e confiança em quem diz amar? Não seria apenas vontade de manter a fonte inspiradora que é o sofrimento de amor?