Despertar Indesejado
Eis o corpo moreno,
Lânguido, já com algumas
Marcas temporais,
Estirado numa esteira
Qualquer.
O farrapo a cobrir
Parte daquela nudez,
Outrora, inspiração de tantos versos...
Mas, descoberto o ventre,
Ainda sangrava as lágrimas
Dos filhos não concebidos.
Ela fitava ainda,
Com alguma avidez
As pestanas, cerradas
Pela exaustão
Trazida a cada manhã.
A tocar com beijos, leveza de uma pena,
Que um dia rabiscara
Uns poemas em construção,
As personagens eram amantes em brasa...
Dominadas pela paixão imoral,
Pelo súbito desejo de furtar
Da boca, toda a saliva,
Dos olhos, os rios de lágrimas,
Das entranhas, o amor aquático.
Uns corpos que bailavam em solo sagrado
A melodia dos deuses, e tomados
Pelo que ardia, sufocava,
Eram atirados ao chão de pétalas espalhadas,
E em total desatino,
Amavam-se.
Agora, o chão coberto de jornais,
Mostra à alma pagã,
O que ampara o teu cadáver,
No desassossego do despertar.
BM
Eis o corpo moreno,
Lânguido, já com algumas
Marcas temporais,
Estirado numa esteira
Qualquer.
O farrapo a cobrir
Parte daquela nudez,
Outrora, inspiração de tantos versos...
Mas, descoberto o ventre,
Ainda sangrava as lágrimas
Dos filhos não concebidos.
Ela fitava ainda,
Com alguma avidez
As pestanas, cerradas
Pela exaustão
Trazida a cada manhã.
A tocar com beijos, leveza de uma pena,
Que um dia rabiscara
Uns poemas em construção,
As personagens eram amantes em brasa...
Dominadas pela paixão imoral,
Pelo súbito desejo de furtar
Da boca, toda a saliva,
Dos olhos, os rios de lágrimas,
Das entranhas, o amor aquático.
Uns corpos que bailavam em solo sagrado
A melodia dos deuses, e tomados
Pelo que ardia, sufocava,
Eram atirados ao chão de pétalas espalhadas,
E em total desatino,
Amavam-se.
Agora, o chão coberto de jornais,
Mostra à alma pagã,
O que ampara o teu cadáver,
No desassossego do despertar.
BM
Um comentário:
gosto dessa.
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