23 setembro, 2006


Encarcerada

O que ainda resta de emoção
Escorre por entre rugas
Neste rosto precocemente afetado.
O sorriso, fora roubado num baile
À fantasia, e me deram em troca
Uma máscara,
A esconder, meus verdadeiros olhos,
Encarcerada,
Oculta nesta face de ferro,
Meus estímulos,
Minhas lágrimas,
Cruelmente encobertos.
Por que cobram desta pobre mortal
O que é incapaz de ofertar?
Por que pedem sorrisos
Se somente as lágrimas compõem
As páginas em que rabisco
Minha ironia?
Eis-me na máscara,
Mas não posso retirá-la
Pois minhas pestanas
Secaram tal como
As folhas
De um cajueiro
Envelhecido!

BM

Um comentário:

Anônimo disse...

Denso o poema.Dolorido.Incômodo de se ler.Mas não é a vida um grande baile de máscaras?Álvaro de Campos já não dissera que:"quando quis tirar a máscara,ela já me estava colada à cara", ou algo similar?
A máscara pode não ser passível de ser retirada,mas é possível a plástica de dentro para fora.