27 julho, 2006


Gata Nua


Correndo rua afora
Em um ato repentino
Para não ser laçada
Pelas armadilhas da paixão
Tento não me render a ti.
Mas na queda de braços
Perco meu espaço para
O coração que já grita descompassado,
E sequer respondo por mim.
Emudecida me lanço
De corpo e alma em tuas garras.
E hoje,
Vivo a espera dos momentos
Em que terei meu corpo
Unido ao seu num instante mágico.
A lembrança daqueles olhos brilhantes
Mantém meu corpo estático
Inerte,
Entregue.
Completamente desvairada
Em um desejo voraz
De viver os dias
Presa nos braços macios teus.
Minha boca súplice,
Roga,
Pede,
Implora
Por um beijo ardente
Que me eriça os pêlos
Até desnudar a alma
De todo pejo contido.
Ouço o som mavioso de sua voz
Ao pé do meu ouvido
Me confessando em meio a sussurros
O que deseja de sua donzela.
Deite meu corpo ma relva
Na lama,
Na cama
E me tome por um ímpeto fugaz
Cale meus gemidos frêmitos
Para que o mundo não ouça
Meus anseios carnais.
Apague a luz,
Na penumbra matutina
Venha buscar a meretriz
Que te aguarda em meio aos lençóis
De um santuário tão sagrado.
Basta um beijo
Para a nossa chama acender,
Me faço,
Roço as costas
Em teu corpo que me esperou
Por séculos.
Sou sua,
Gata,
Nua e crua.


BM

2 comentários:

Anônimo disse...

De todas as poesias lidas de BM foi a que mais gostei. Foi feita num momento bem intenso, franco e pessoal. GS

BM disse...

Cara GS,

Não sei se ainda possuis meus versos tortos em uma das portas de teu guarda-roupas, onde ao lado, estivera por longos dias meus farrapos, o que escondia-me a nudez, hoje, certamente, os ossos.
Mas não é só esta "bestagem" que fora feita em momento intenso, franco e pessoal, todos os versos que BM compunha era francos...pode o poeta ser um fingidor, mas a melodia é verdadeira (palavras de um grande sábio)...portanto, há franqueza em todas elas...até nas que rasbico com meu sangue sacrficado!

Bruna Matos