07 junho, 2006


Manhã de Mágoa

No cerrar das pálpebras
Olhar ao lado,
Somente um travesseiro. Apenas
A baderna de roupas espalhadas,
Atiradas ao chão,
Mas de uma só pessoa,
Eu
Desisto de amar,
Jogo o lenço,
Chuto o balde,
Deixo de sofrer.
Entrego-me à redenção,
Fazendo-me alheia aos olhos
Ferinos da fera ladina.
Que só espanca,
Escorraça,
Extirpa
Os sonhos tão infantis
De minhas íris há muito
Não luzentes.
Por que a dama não vem?
Se é gélida esta floresta
A qual me atiro,
E desbravo loucamente
Os desejos insensatos,
Insanos,
Castigados.
Se me entreguei,
Por que não se apoderaram
De minhas mãos,
Que de tão frias,
Hoje já não movem mais os dedos?
Por que a mágoa,
Se a hora, ainda era tão matinal?

BM

Um comentário:

Anônimo disse...

parodiando a filosofia das coisas simples:

de balde em balde, constrói o tanque no qual repousarás eternas as tuas lágrimas. amar. sempre. pesadelo ou eleita?