Canto de Morte 31/12/1984
Hoje, data da phoînixc renascida,
A ‘virada’, a mudança, a esperança?
Promessas, crendices, fogos, espetáculo...
Casualmente o dia de um nascimento...
Sem mera importância, ou valia alguma!
Quiçá, atualmente, um belo dia para o fim.
Única certeza perene...
Valendo-me do título de grandioso poeta...
Hei de comemorar a data com meus versos parvos...
Um “Hino à dor”...
Melhor pôr no papel
Do que nos braços, em cuja epiderme
Já não há mais espaços para os símbolos
Daquelas barras de ferro, que aprisionam
Minh’alma.
Não caminho mais de mãos dadas
Àquele eu-lírico travesso e peralta.
Arrastamo-nos os corpos suados
Tal como peçonhentos, rastejando...
Os ladrilhos machucam as carcaças...
Há muito marcadas, algumas vivas, sanguinolentas,
Outras necrosadas e até cicatrizes...o tempo passa.
Custoso é o peso brutal da biografia minha,
Mas preciso levá-la no dorso...
Pois agora meu eu-lírico emudece,
A falácia intencional foi passear no inferno.
Pedras que me atirariam as críticas literárias
São fúteis...
QUEM FALA SOU EU!
BM
Um comentário:
Prezada Bórgia,
Os limites entre o "eu" e o "eu-lírico" são tênues,mas como já dizia o grande Mestre "finge tão completamente/que chega a fingir que é dor/a dor que deveras sente."
Flor,que teu "eu-lírico" expresse e carregue o fardo que te pertence na poesia.São meus votos mais sinceros.
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