Homicídio
A luz se apaga,
Ela grita,
Alto, em desatino,
Depois,
Surda, afônica,
Roufenha...
Amor, amor, agora...
Agora, não!
Antes, mais rápido,
Urgentemente.
No passo, o presente já
É tarde para viver
A véspera é pretérito mais que imperfeito
E o futuro, este, jamais acontece
Aos pés de um leito,
À borda de uma urna,
À beira de uma sepultura.
Molestada, ainda pede,
Súplice,
Implora – amor, amor.
Dúvidas da existência desta quimera!
Seu corpo lanhado
Acende as chagas aos arrepios
Das mãos que já o tocaram.
Não, agora,
Amor é fotografia queimada,
Livros roídos,
Charuto na guimba...
Versos manchados por lágrimas
Que hoje já secaram.
Círio de pavio consumido.
Amanhã, talvez, no jazigo esteja
O amor que tanto desejara.
BM
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