05 março, 2007



Profecia

Os fantasmas sobrevoam
Meus cabelos queimados pelo sol
Tal como corvos, anunciando o
Mais soturno de meus dias.
Tu te foste sem ao menos
Um aceno,
Minha paz, fora em tua bolsa,
Dentro de tua carteira – meu sorriso.
Petrificados em teu colo, ficaram meus olhos.
Desespero de minha calmaria...
Temporal de minhas manhãs ensolaradas,
Eu amo tuas falhas...
Teus erros mais corriqueiros.
Quero deitar contigo em urna marfim
E seguir à única certeza terrena – a morte.
Quero sangrar ao te fazer chorar,
Desejo a punição para os meus membros,
Que sejam pisoteados um a um,
Na guerra do fim dos tempos.
Oferto meu pescoço à guilhotina...
Minhas costas, ao barão, para que
Chicotei meu dorso até
O corpo inteiro ficar coberto de sangue.
Quero teu grito, teu chamado,
Pois minha língua fora decepada pelos
Nazistas quando declarei que amava...
Sou culpada, tal como uma peçonhenta,
Sigo arrastada ao júri...
De lá, viva não sairei
Pois temo a repressão de teus
Olhos míopes e présbitos.

BM

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