24 fevereiro, 2007




Caso Perdido


Um copo de uísque

Algumas pedras de gelo

Um cinzeiro a abraçar-me

Acolhendo com sua quentura

Meu frio terminal.

Mas, ao mundo, esta vida

Não passou de um mar de rosas,

Escolhas fáceis,

Os mares repletos de pétalas

Vermelhas, como as unhas que

Já não quero mais.

Maquiagens de fim de semana,

Que secam, envelhecendo o rosto

Na velocidade de uma luz queimada......

Que não acende mais.

Olhos que há muito deixaram de brunir,

Luzir, falar....emudeceram

São meros observadores das ondas que quebram

Numa areia de conchas a me furarem os pés

Que já não andam mais

As lágrimas que bebo,

Secam-me a glote, e já não falo mais.....

Já faz tempo........que não acordo mais......


BM

04 fevereiro, 2007


Nossas Noites
Nossos Dias

Não!
Não hei de culpá-la
Pelos dias inteiros que me deixas
À deriva, quase um barco a naufragar...
Sem notícias, sem acenos, sem sequer
Uma garrafa atirada ao mar.
Não condenarei teu sono,
Se te refugias durante os dias
Entre tuas plumas, e te acordas à noite
Para vagar largando lânguida, prostrada
Pelos benzodiazepínicos e tuas canções de ninar
Na cama de nós duas, a minha carcaça.
Ou te comprometes a velar pelo meu sono,
Passando noites acordada ao lado meu.
Lerei para ti, como acalanto, alguma poesia
Do Drummond, enquanto ressonas, e talvez
Em tuas fugas, rogue pela presença de meu corpo
Em vigília ao sono teu.
Não sou cantora,
E nem tenho tua voz suave,
Não sei contar histórias,
E nem tenho tua imaginação fantástica,
Não posso julgá-la,
Nem medir o tamanho de tua dor,
Se também sinto algo ancestral a
Corroer-me as vísceras.
Dar-te-ei meu regaço,
Para que apóies tuas melenas lindas
E se perca do mundo que existe
Fora de nossa alcova!

BM