30 janeiro, 2007



Hemorragia

É, de fato, tivera eu uma hemorragia,
Talvez o aborto de nosso filho
Não concebido,
Ou de um amor em botão, recém nascido.
O som de minha voz áspera,
Em total desarmonia fonética
Impedia o entendimento de meus clamores,
Tantos pedidos de socorro,
Por vezes fui súplice em gritos afônicos
Mas, eras incapaz de perceber...
Nesta noite, varava pelas entranhas
O sangue já vinho,
Manchando os lençóis que eram
Trocados a cada semana,
E de meus olhos, escorriam lágrimas rubras
Colorando-me o pescoço,
Aquele cordão
Em ouro, de pouco quilate, assim como
Esta que vos escreve.
De minhas cicatrizes, as gotículas orvalhavam
Como se fossem rosas primaveris
Lavadas e em carne viva.
Porém, se soubesse eu versejar,
Escrever-te-ia um poema,
Como não sou poeta
Só posso lastimar em escorrência
Não ser capaz de trazer os tempos
Ensolarados...
E de volta estaria aos braços teus!

BM

Um comentário:

Anônimo disse...

O sol brilha,ainda que através das nuvens.Mesmo com tempestades.Mesmo que estejamos cegos.Ainda que só amemos a noite.O sol brilha.
Braços que não foram amputados,nem cujas veias foram dilaceradas ainda podem abraçar.o amor quando cinza pode voltar a florir.