Gravidar-te
No útero, a véspera,
O tão desejado,
O oculto me comprimia
Já a pele que se esticava
Tão lenta e vagamente.
Grávida de um desejo insano,
Inocuamente devastador,
A quebrar sonhos tais como quartzos
Se estilhaçando, partindo meus eu-líricos
Nos cantos temerosos e sombrios...
Onde a reciprocidade sentava no sofá ao lado,
De uma língua flamante
Que sorvia o escorrido nos olhos lânguidos.
Meu rebento crescia em um corpo
Estéril,
Incapaz...
De carcaça crua e íris sem luz,
Buscando, quiçá, nalgum
Porto, a calmaria.
Não éramos prematuros,
Éramos botão,
Na vil tentativa de me evadir,
Quis malograr minhas antíteses,
Meus paradoxos,
Oxímoros tão apropriados.
Mas o vulcão já me consumia
Os flancos em arrancos
E levavam ao desvario tão cobiçado.
Gravidar-me-ei deste amor,
Pois já é uma parte de mim,
E porventura, a mais extensa.
BM
Um comentário:
Belo o jogo entre engravidar,engravidar-te e gravidar-te.Belas imagens,mostra de um feminino presente,pulsante e desejante.
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