15 novembro, 2007



Manual


É tarde,
Apague a luz,
Claridade incomoda o que sobrou dos olhos,
Corroídos pelo ácido que expelia rotineiramente.
Feche a porta,
Não quero que as crianças me vejam assim.
Traga a faca, é necessário.
Solte o Lampião e a Maria Bonita,
A gaiola ficou apertada...
Assim como minha dor;
Beije a Hannah, já que não o farei,
Meus lábios se contorcem, e não os domino mais.
Tenha paciência com a Sophia, ela é terrível,
Mas é minha caçula...
Abrace o Nick, ele é carente como a mãe.
Pegue o Pavarotti no colo de vez em sempre,
Ele fica irritado quando está restrito,
Acho que sofre de bipolaridade,
Talvez seja necessário consultar o João...
E a carcaça???
Deixe-a...como há muito fez.


BM

12 novembro, 2007



Introspecção


cá estou eu, em meu canto
predileto da casa...
o box – de paredes gélidas,
que me esquentam a pele,
sentada no piso frio,
com aquela caneta belíssima
que me fora presenteada,
Bandeira de apoio e
algumas páginas de rascunho.
depois de tamanha confissão,
após a cruel descoberta
cuja teoria é embasada pelo Othon
de que só existe uma quantidade “x”
de contar história...
por isso a minha se repete?
ou sou esse monstro terrível
do pântano? essa personificação
do egoísmo? sou, ou me moldaram desta forma?
não sei a resposta.
espero no sinal vermelho
ou avanço e vou em direção ao poste...
ainda tem solução para a vida/morte?
minhas cicatrizes já não estão mais
tão cedidas aos cortes...
minhas lâminas desafiadas...
meu discurso cansado e molestado.
adoeço na Terra do Sol...
o que afirma que nasci para a escuridão...
e adormecerei enquanto o mundo acorda...
capaz que seja menos doloroso...



BM